ABSTINÊNCIA (Segunda e última parte)
A abstinência, que faz a criatura rejeitar tudo isso e contentar-se apenas com o essencial para a subsistência, é um pensamento que nega a profunda benevolência divina.
Por outro lado, as classes privilegiadas de até então careciam de altruísmo, devotavam sua atenção apenas ao divertimento próprio ou ao de seus familiares, sem considerar o próximo e a sociedade.
Era parca a manifestação do sentimento de amor pela humanidade e o desejo de compartilhar da alegria com as pessoas em geral, o que constitui um monopólio das bênçãos de Deus.
Creio que abrir os grandiosos jardins e expor as obras de arte pertencentes aos magnatas, enfim, proporcionar a apreciação de ambos junto ao povo corresponde à Providência Divina.
Vejamos a vida dos antigos santos. Eles levavam uma vida de abstinência em que a alimentação e as vestimentas eram extremamente simples. Doavam suas preciosas vidas em nome do lema "um fundador religioso veste roupas feitas de papel a vida inteira".
Penso que isso contraria as bênçãos divinas. No entanto, quem não percebe esse ponto, lamentavelmente, tende a não valorizar os religiosos que não praticam a abstinência.
Como já disse, sou contra essa prática e, por essa razão, vivo do mesmo modo que as pessoas em geral. Penso que isso corresponde à Vontade Divina.
O Paraíso Terrestre, portanto, é um mundo de elevado padrão de vida para a humanidade em que prosperam a arte e outros bons divertimentos.
Além disso, na trilogia Verdade, Bem e Belo, a Verdade significa a ausência da falsidade, o Bem é a prática de ações corretas e o Belo se refere às coisas belas. Na vida de abstinência, existe o Bem, mas não há Verdade nem Belo. Por esse motivo, sinto que essa forma de viver obstrui a evolução da cultura.
É preciso pensar sobre a realidade da Índia que, por tender apenas para uma vida espiritual, se tornou um país estagnado e defasado culturalmente, conforme podemos constatar na atualidade.
Por Meishu-Sama - Coletânea Alicerce do Paraíso, vol. 4
Publicado em 5 de setembro de 1948