ABSTINÊNCIA (Primeira parte)
Desde os tempos antigos, pensava-se que, para destacar-se como religioso, era necessário levar uma vida de abstinência, chegando-se mesmo a pensar que esse era o melhor meio de compreender e intuir a Verdade, e polir a alma. No entanto, eu discordo e vou expor minha opinião de forma compreensível.
Tudo na natureza existe em favor do ser humano. Observem as flores da primavera, os bordos do outono, o cantar dos pássaros e dos insetos, a beleza dos rios e das montanhas, o encanto das noites de luar, as fontes de águas termais etc. Devemos pensar no porquê da existência de tudo isso.
Se Deus não criou todas essas coisas para o deleite do ser humano, qual terá sido a outra possível razão?
As belíssimas vozes dos cantos, a dança, as obras literárias e artísticas etc. evidentemente satisfazem os próprios autores como também seus apreciadores. Não apenas isso: os alimentos deliciosos, as construções arquitetônicas, os jardins, as vestimentas etc., além de suprirem as necessidades da vida humana, contêm elementos para realmente nos comprazer.
Ao saborearmos os alimentos e as bebidas, nosso corpo se nutre e mantemos a vida. As vestimentas, os alimentos e as residências poderiam ser simples e sem beleza, se visássemos apenas prover nossas carências.
Da mesma forma, é dispensável dizer que os filhos não são gerados apenas por uma questão de necessidade.
Uma vez que Deus concedeu ao ser humano a faculdade de apreciar a Grande Natureza e as criações humanas, o certo é desfrutá-las.
Por Meishu-Sama - Coletânea Alicerce do Paraíso, vol. 4
Publicado em 5 de setembro de 1948