LIBERTAÇÃO
Por: Meishu-Sama
Desde os tempos antigos, ouvimos falar bastante em libertação. Contudo, não se pode defini-la facilmente como algo bom ou ruim.
De acordo com a interpretação geral, libertação significa sair de um estado de incertezas e obter a Iluminação espiritual, desapegar-se ou saber desistir. Trata-se, evidentemente, de uma visão baseada no budismo. Todavia, tal explicação parece soar como fuga ou afastamento do mundo, um pensamento característico dos orientais.
O fato é que quando a Iluminação atinge um nível alto, geralmente ocorre o enfraquecimento da força produtiva. Evidentemente, com a perda do espírito competitivo, em se tratando da população, sobrevém a decadência, como é o caso da Índia.
Se, por um lado, as incertezas geram forças para o ser humano viver, por outro lado, o excesso delas é igualmente perigoso.
Do mesmo modo, a resignação tem a inconveniência de provocar uma queda na vitalidade, na energia da pessoa, e a falta de resignação gera tragédias, principalmente quando se trata do relacionamento amoroso. Portanto, a libertação total é pouco aconselhável, pois, no final, a pessoa chega a achar a existência desinteressante, torna-se solitária e vive por viver.
Refletindo sobre o que acabamos de expor, percebemos que, em tudo, o exagero é prejudicial, ou seja, devemos saber respeitar o limite.
O mundo é realmente complicado e interessante, o sofrimento e o prazer são realidades, e concluímos que a alegria e o sofrimento são as duas faces da mesma moeda. Esta é a verdadeira imagem do ser humano. Todavia, a conclusão só será possível com uma explicação mais aprofundada. É o que farei a seguir.
Há momentos em que o ser humano deve desistir e outros, em que não deve fazê-lo. A incerteza surge na ocasião em que ele tenta, forçando a situação, tomar uma decisão.
Se não consegue chegar a uma resolução, é porque não está no momento certo e, por isso, basta esperar sua chegada.
O fundamental é, de acordo com o jishoi e com as circunstâncias, descobrir o melhor método, o que exige inteligência superior. É essa faculdade que gera o poder do correto discernimento, atuando mais naqueles que possuem menos nuvens espirituais.
Portanto, o essencial é eliminar as nuvens espirituais e, para isso, é preciso ter makoto, o qual nasce da fé. Podemos chamar de pessoa de grande Iluminação quem consegue compreender e praticar este princípio.
Por Meishu-Sama – Coletânea Alicerce do Paraíso, vol. 4
Publicado em 25 de janeiro de 1951