Torne-se uma pessoa capaz de lidar com qualquer revés da vida com um sorriso, sem se abalar. (Primeira parte)
Desde tempos antigos, há um famoso ditado que diz: "Tolerar o que é fácil está ao alcance de todos, mas a verdadeira tolerância está em tolerar o que é intolerável." Outro ditado aconselha: "Leva sempre o saco da paciência no pescoço e costura-o toda vez que ele se romper." É exatamente isso.
Frequentemente, as pessoas me perguntam: "Que aprimoramentos o senhor realizou para ser o que é hoje? Fez retiro em montanha e banhou-se em cachoeira? Jejuou ou fez outras práticas ascéticas?"
Então, esclareço-as, dizendo: "Jamais pratiquei tais coisas. Meus aprimoramentos consistiram em duas coisas: suportar o sofrimento das dívidas e saber lidar com a ira." Quem ouve, fica surpreso, mas nada posso fazer, por tratar-se da pura verdade.
Principalmente, pelo fato de me deparar, sucessivamente, com fortes motivos para ficar irado, acredito que Deus agia dessa maneira para aperfeiçoar-me. Por natureza, detesto sentir raiva, mas chega a ser estranho o quanto fico assim.
Certa vez, fui alvo de um sério mal-entendido que me deixou em uma situação tão vergonhosa, que mal conseguia encarar as pessoas. Minha indignação era tão grande, que eu não conseguia reprimi-la.
Justamente nessa ocasião, fui chamado para tratar de uma questão. Por determinado motivo, eu não tinha como recusar e dirigi-me ao local. Lá, permaneci disperso e, para me descontrair, pedi e tomei uma dose de saquê. Na época, eu não bebia nenhum gole e isso demonstra quão séria era a situação. Somente após dois ou três dias consegui voltar à normalidade.
Mais tarde, vim a saber que tudo aquilo me livrou de uma grande desgraça. Se, na ocasião, não tivesse ficado irado, eu teria recebido um terrível golpe. Realmente, fui salvo pela ira e não pude conter minha emoção pela grande graça que Deus me concedeu.
Por Meishu-Sama - O pão nosso de cada dia, vol. 2 - poema 114
Publicado em 25 de janeiro de 1949