JULGAMENTO NO MUNDO ESPIRITUAL (Terceira parte)
Falarei primeiramente sobre os espíritos que se destinam ao Plano Intermediário. Para chegarem lá, eles têm de atravessar um rio. Antes da travessia, uma encarregada examina-lhes a roupa; se esta é branca, o espírito passa, mas se é de outra cor, ele é obrigado a trocá-la por uma branca. Há duas versões: segundo uns, o espírito atravessa por uma ponte; segundo outros, não há ponte, e ele atravessa pela água.
Contudo, estes últimos afirmam, ainda, que o rio não tem água e que as ondulações que se tem a impressão de ver nada mais são que os corpos de inúmeros dragões se movimentando.
Quando o espírito acaba de atravessar a ponte, a veste branca apresenta-se tingida. Por meio da cor evidencia-se a quantidade de pecados e impurezas. As vestes dos espíritos que possuem pecados e impurezas em maior número ficam pretas.
À medida que essa quantidade vai diminuindo, a veste, seguindo a ordem, vai-se tornando azul, vermelha, amarela, sendo que a dos que têm menor quantidade, permanece branca.
Em seguida, de acordo com a versão budista, o espírito vai para o Fórum de Enma, ou seja, para o tribunal onde será julgado. O julgamento, diferentemente do que ocorre neste mundo, caracteriza-se pela imparcialidade, não havendo o mínimo de favoritismo nem de equívocos.
Na hora do julgamento, os espíritos veem de forma diferente a face do juiz Enma Daio. Para os perversos, ele se apresenta com os olhos brilhando assustadoramente, a boca se abre até as orelhas e, quando fala, cospe fogo; só de vê-lo, os espíritos ficam atemorizados. Já os espíritos bons o enxergam com um semblante afável, sereno e, ao mesmo tempo, sóbrio, o que naturalmente inspira simpatia e respeito por ele.
Por Meishu-Sama - Alicerce do Paraíso, vol. 3
Publicado em 5 de fevereiro de 1947