Nasci em uma fazenda onde meu pai trabalhava. Durante o parto, minha mãe sofreu uma hemorragia severa e faleceu minutos após me dar à luz.
Meu pai não tinha condições emocionais de criar a mim e meus irmãos.
Comovido pela situação, o casal de proprietários da fazenda decidiu que cuidaria de mim como sua filha e meu pai aceitou. Assim cresci cercada de muito amor pelos pais adotivos.
Em janeiro de 1962, mudamos de cidade; com isso, o contato com o pai biológico ficou cada vez mais distante.
Em agosto de 1981, ele faleceu e busquei oferecer-lhe um enterro digno, embora sempre dissesse que meu pai era aquele que me criou.
Em 2014, ingressei na fé messiânica. Dedicava na locução e no cerimonial e, quando recebi as orientações sobre o Sorei Saishi (Ofício Religioso de Assentamento e Sagração dos Ancestrais e Antepassados), assentei somente as linhagens ligadas à família biológica, pois supunha que isso era o suficiente.
Em julho de 2023, em preparação ao Culto às Almas dos Antepassados, participei de um aprimoramento cuja orientação foi sobre a importância de manifestar gratidão pelos pais, principalmente por nos terem concedido a vida.
Parecia que cada palavra era direcionada a mim: foi como uma ampliação de consciência, pois nunca havia pensado sobre isso.
Percebi o quanto estava sendo ingrata com os pais biológicos. Com o meu pai, que, embora não me tivesse criado diretamente, se manteve por perto o quanto pôde. E com minha mãe, que literalmente deu a vida por mim.
Envergonhada, decidi assentá-los no Sorei Saishi, ofertei um donativo de gratidão especial e pedi-lhes perdão.
Aprendi que devemos cultivar o amor e a gratidão pelos nossos antepassados, oferecendo o melhor, pois estamos aqui graças a eles.
Ao mesmo tempo, compreendi que, por intermédio de nosso servir e orações, eles se elevam no plano espiritual e, por conseguinte, os descendentes progridem no Mundo Material.
Atualmente, dedico como responsável pela liturgia, sempre empenhada no compromisso de ser útil à Obra Divina.
Muito obrigada.