Quando eu estava com 11 anos, meu pai se casou novamente e se mudou de cidade. Ele me chamou para morar com eles, mas preferi ficar com minha tia. Nas férias escolares, eu ia encontrá-lo, mas interiormente, cobrava mais carinho, pois achava que não recebia o amor que merecia.
Queria ter mais contato com meu pai, mas o orgulho me impedia de procurá-lo. Ao me tornar adulta, constatei que ele sempre esteve próximo nos momentos especiais.
Há mais ou menos treze anos, meu pai apresentou diabetes e as complicações decorrentes, estando em estado grave no CTI. Clamei a Deus nova oportunidade de estar próxima e cuidar dele. Todavia, devido aos afazeres em casa e no trabalho, acabei não dando a devida atenção.
O quadro foi-se agravando e, em 2019, após longo período de purificação, meu pai veio a falecer. Culpava-me por não lhe ter prestado maior assistência e desenvolvi síndrome do pânico, depressão e insônia.
Fazia acompanhamento psiquiátrico e tomava remédios controlados
Em janeiro de 2021, um amigo messiânico me ligou. Ao perguntar como eu estava, chorei copiosamente e relatei tudo o que passava. Após um breve silêncio, ele afirmou: "Johrei! Você precisa de Johrei!"
Pouco tempo depois, fui à igreja. Conversei com o ministro e passei a receber três Johrei por dia. Na primeira semana, notei uma sensível melhora. Após um mês, o psiquiatra reduziu as doses dos medicamentos.
Estava mais bem-disposta e já conseguia dormir sem tomar os remédios. Assim, desejei ingressar na fé messiânica e, em agosto de 2021, tive a permissão de receber o Ohikari (medalha da Luz Divina).
Solicitei o Sorei Saishi (Ofício Religioso de Assentamento e Sagração dos Ancestrais e Antepassados) e comecei a dedicar. Entretanto, o remorso em relação ao meu pai permanecia e me machucava muito.
Em novembro de 2021, peregrinei ao Solo Sagrado de Guarapiranga pela primeira vez, por ocasião do Culto às Almas dos Antepassados.
Sentei-me no templo e, imersa em muitos pensamentos, ouvi o coral interpretando músicas de que meu pai gostava e escutava com frequência.
Lágrimas começaram a escorrer e uma sensação de reencontro e alegria invadiu meu coração. Tinha uma forte impressão de reconciliação com meu pai e comigo mesma.
Na leitura do ensinamento "Camadas do Mundo Espiritual", refleti sobre a intensa purificação de meu pai. Ele, conforme os desígnios de Deus, cumprira sua missão, inclusive por meio da purificação.
Durante a palestra, o presidente se referiu a uma moça que guardou, por anos, mágoa do pai falecido; por meio de uma dedicação no Solo Sagrado, conscientizou-se do egoísmo por se prender ao lado negativo de uma situação, deixando de valorizar os momentos bons e felizes ao lado do pai. Assim, se libertou e se reconciliou com seu espírito.
Comecei a pensar na culpa que nutria. Concluí que estava presa na dor, nas ausências e nas mágoas remoídas. Sentia como se meu pai me dissesse que o importante são os momentos felizes que vivemos.
Um alívio inexplicável tomou conta de mim. Libertei-me dos ressentimentos e desfrutei de alegria, emoção e paz. Podia sentir a felicidade de meus antepassados e de meu pai.
Ao retornar a casa, não apresentava qualquer sinal dos sintomas que me afligiam. Olhei para os medicamentos que ainda tomava e não senti nenhuma necessidade de prosseguir o tratamento. Eles estão intactos até hoje. Permaneço muito bem física e emocionalmente; sem ansiedade, sem insônia, sem depressão, sem pânico e sem dor.
Agradeço a Deus, a Meishu-Sama, aos meus antepassados e ao meu amigo por me conduzirem aos primeiros passos na fé messiânica.
Comprometo-me a continuar dedicando na Obra Divina e a levar a Luz do Johrei onde estiver.
Muito obrigada.