Evidentemente, o espírito da palavra é formado e emitido por meio da voz, da língua, dos lábios e dos maxilares. A origem dessa emissão é o pensamento (sonen) expresso por meio da palavra. O sonen é a expressão da vontade. Falando de forma compreensível, o sonen entra em ação para expressar alguma vontade surgida no íntimo do ser humano.
Naturalmente, a atividade do sonen inclui, ainda, o discernimento do certo e do errado, do bem e do mal, do sucesso ou do insucesso, entre outros. A síntese disso vem a ser a sabedoria. O espírito da palavra é que dá forma à vontade e ao discernimento, entre outros; a ação é que concretiza o espírito da palavra. Por esse princípio, é correto considerar que haja três etapas: o sonen, o espírito da palavra e a ação.
Dessa maneira, o pensamento (sonen) pertence ao Mundo Oculto, o espírito da palavra, ao Mundo do Espírito da Palavra e a ação, ao Mundo Material. Em outras palavras, o espírito da palavra é o intermediário entre o oculto e o manifesto. Pode-se dizer que ele é o mediador entre o pensamento e a ação. Creio que assim puderam compreender a importância do espírito da palavra.
O espírito da palavra assemelha-se ao operador de marionetes: manipula livremente deuses e demônios. Irritar as pessoas ou fazê-las rir; preocupá-las ou tranquilizá-las; entristecê-las ou alegrá-las; provocar o conflito ou a paz; obter sucesso ou fracassar, tudo depende do espírito da palavra. Portanto, usá-lo de forma leviana é muito perigoso.
Manejá-lo habilmente não passa de uma simples técnica, tal como a de um comediante ou de um contador de histórias. Se, na essência do espírito da palavra, não houver força capaz de manifestar determinada influência, ele perde seu sentido. Mesmo em se tratando de força, há distinção entre a força do bem e a do mal.
Em outros termos, o espírito da palavra do mal gera pecados enquanto o espírito da palavra do bem cria virtudes. Desse modo, o ser humano deve esforçar-se para usar o espírito da palavra do bem, o qual se fundamenta na sinceridade (makoto), que provém de Deus.
Em virtude disso, é imprescindível reconhecer a existência de Deus. Se a pessoa não possui fé, não consegue manifestar a verdadeira sinceridade (makoto) e, portanto, não há condições de a força do bem surgir no espírito da palavra.
Por Meishu-Sama - Coletânea Alicerce do Paraíso, vol. 4