Escritos Divinos

Ensinamento do dia

POR QUE AS OBRAS DE ARTE CHEGAM ÀS MINHAS MÃOS (Segunda parte)

Por: Meishu-Sama

[...] Logo no começo, um antiquário especialista em maki-e misteriosamente passou a me trazer, uma após a outra, obras de alto nível. Não só eu, mas o próprio vendedor dizia que para ele também eram fatos realmente inexplicados. Além disso, devido à conjuntura da época, consegui objetos excelentes por preços incrivelmente baixos; em termos de mercado atual, custar-me-iam, no mínimo, várias vezes mais.

Todas as peças de maki-e de alta qualidade que atualmente estão expostas em nosso Museu de Belas-Artes foram adquiridas em apenas meio ano. Entre elas, estão expostas duas peças de autoria do extraordinário e renomado mestre Shosai Shirayama. Tenho, ainda, outras peças suas guardadas que pretendo expor posteriormente. Hoje quase já não existem obras desse artista à venda, de onde se conclui que há poucas e quem as possui não abre mão delas.

Por longa data, venho apreciando as obras do estilo rinpa e as cerâmicas Ninsei. Com o passar dos anos, elas estão ficando cada vez mais caras e, ultimamente, já não existe quase nenhuma à venda. Assim sendo, parece que os interessados têm lamentado o fato.

Entretanto, no conturbado período de pós-guerra, os preços eram baixíssimos, e pude adquirir uma quantidade considerável de obras, bem como compreender que aquilo era a manifestação do Poder de Deus. É por esse motivo que, as obras que eu desejava adquirir ou as que necessariamente deveriam existir no Museu de Belas-Artes, eu conseguia sem falta. Todas as vezes que isso ocorria, o antiquário dizia: “É um mistério! É um milagre!”

Ocorreu um fato interessante. Eu estava querendo adquirir a edição primeira e original da famosa série de xilogravuras intitulada “As 53 vilas da estrada Tokaido”, de Hiroshige. Repentinamente, apareceu um antiquário especializado em xilogravuras que me ofereceu obras de Hiroshige e de outros artistas. Eu lhe disse que, se fosse a impressão original da série “As 53 vilas da estrada Tokaido”, eu a compraria na hora.

Qual não foi o meu espanto, quando, no dia seguinte, ele a trouxe, dizendo: “Nunca vi algo tão misterioso. Ontem, assim que cheguei à minha casa, uma pessoa trouxe-me exatamente o que o senhor havia pedido. Fiquei muito surpreso, pois estava à procura dessa obra há quarenta anos, e ontem apareceu alguém para vendê-la. Realmente, é um fato inexplicável!”

É claro que eu também fiquei comovido com o extraordinário milagre. Examinando a obra, vi que havia sido preservada por um renomado e importante senhor feudal. Soube, inclusive, que a magnífica encadernação que protegia a obra fora feita por um ancestral seu; por isso, fiquei duplamente surpreso e, mais uma vez, contente pelo seu baixo preço. [...]

Por Meishu-Sama – Coletânea Alicerce do Paraíso, vol. 5

Publicado em 8 de outubro de 1952

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