PARAÍSO TERRESTRE (Terceira e última parte)
Por: Meishu-Sama
[...] Um episódio relacionado à história do mestre Soho Takuan, monge zen-budista, é bem ilustrativo. Quando ele estava à beira da morte, cercado de pessoas, alguém lhe solicitou que redigisse suas últimas palavras.
Deram-lhe papel e pincel, e Takuan escreveu: “Não quero morrer.” Imaginando algum engano, pois julgavam que um mestre tão notável não escreveria tal coisa, entregaram-lhe novamente o pincel e o papel. E o célebre monge, desta vez, escreveu: “Não quero morrer de jeito nenhum.”
Acho realmente admirável e nobre sua atitude, pois, em igual circunstância, seria presumível escrever algo como: “Vida e morte: por que me preocupar?” O mestre, porém, abandonou todo falso orgulho e revelou francamente seus sentimentos. Isso merece consideração porque um monge célebre, comumente, não agiria assim.
Na sociedade, há muitas pessoas que, almejando salvar o próximo, fazem autopropaganda, apesar de ainda não viverem livres dos três infortúnios: doença, pobreza e conflito.
A intenção pode ser boa, mas não é a forma ideal. Isso porque somente após termos conseguido nossa salvação e felicidade é que devemos pensar em conduzir à fé outras pessoas que vivem uma vida infernal, para que também se tornem felizes como nós. Dessa forma, a divulgação surte cem por cento de efeito, pois nossos semelhantes sentir-se-ão atraídos ao presenciar nosso estado de felicidade.
Eu mesmo não tinha coragem de difundir a fé messiânica antes de me encontrar em boas condições. Após ter sido abençoado com inúmeras graças Divinas e conseguido tornar-me verdadeiramente feliz, tomei coragem para divulgar os Ensinamentos.
Se considerarmos que o Paraíso Terrestre é o mundo dos felizes, concluiremos que, no lugar onde as pessoas se reúnem e se tornam felizes, está estabelecido o Paraíso Terrestre.
Por Meishu-Sama - Coletânea Alicerce do Paraíso, vol. 5
Publicado em 5 de setembro de 1948