CEDA PARA CONQUISTAR (Primeira parte)
Por: Reminiscência
Apesar de constituir uma prática difícil, o ser humano precisa remover de si a intransigência. Como tenho dito sempre, na maioria dos casos, é melhor perder.
Em discussões e nas demais situações, convém deixar-se ser derrotado, o que, aliás, vem a ser um aprimoramento. É penoso ouvir a mentira alheia como se fosse verdade, mas isso constitui um treinamento para que consigamos ouvir as pessoas com calma e paciência. Este, de fato, é o verdadeiro aprimoramento vivo. Sendo assim, um mal-entendido ou uma derrota temporária jamais terão longa duração.
Em algum momento, a outra parte pedirá desculpas por ter se arrependido ou por ter compreendido o próprio erro. E, a partir desse momento, passará a nos respeitar muito.
Ela também pensará: "Aquela pessoa é realmente admirável! No outro dia, apesar de eu ter dito absurdos, ela ouviu-me com toda atenção. Realmente, é uma pessoa muito generosa." A partir daí, ela passará a confiar em nós.
O motivo da minha insistência para que todos sejam dóceis está no fato de esse procedimento conduzir à vitória. A pessoa que faz questão de ser obedecida, no final, acaba sendo rebaixada.
Frequentemente, ouvimos dizer: "Perder é vencer." Muitas vezes, em uma discussão, discutimos e perdemos. Entretanto, na verdade, vencemos; pelo fato de o adversário já ter apresentado seus argumentos, não terá mais nada a nos dizer.
Quem venceu, não conhece os argumentos do outro, que docilmente se sujeitou à derrota. Por essa razão, o primeiro se sente inseguro.
No entanto, quem perdeu, fica tranquilo. No início, até poderá ficar bastante amedrontado por ter passado por momentos difíceis. Todavia, com o passar do tempo, tal temor desaparece. Pode até sentir-se mais leve imaginando que a outra parte esteja satisfeita.
O vencedor, que fez o outro sofrer, poderá pensar: "Essa pessoa deve estar me odiando. Será que não está pensando em se vingar de mim?" Desse modo, ele se sente atormentado. Por conseguinte, quem perdeu é quem realmente venceu. [...]
Por Meishu-Sama - Coletânea Alicerce do Paraíso, vol. 4
Publicado em 6 de junho de 1952