INSENSIBILIDADE EM RELAÇÃO À RELIGIÃO
De acordo com o senso comum, servir em prol do bem-estar da sociedade ou fazer feliz o próximo são boas ações e, por isso, apoiá-las e desejar colaborar é a verdadeira natureza humana. Entretanto, por incrível que pareça, frequentemente, vejo pessoas, e não são poucas, que agem friamente com referência a essa questão.
Parece que, em seu íntimo, pensam da seguinte maneira: "Pouco me importa o bem da sociedade e dos outros, isso tudo não passa de perda de tempo. O que interessa sou eu e aquilo que me beneficia. Isso, sim, é ser inteligente. De outro modo, é impossível ganhar dinheiro ou subir na vida." De fato, o mundo é mesmo estranho, porque pessoas desse tipo é que são tidas como espertas.
Criaturas assim pensam de forma calculista e materialista quando se deparam com algum sofrimento. Por exemplo, elas dizem que, no caso de ficarem doentes, basta-lhes ir ao médico; em assuntos complicados, recorrer à força da lei; a quem não lhes obedece, é suficiente repreender ou fazê-lo sofrer e, assim, elas vão resolvendo os problemas da maneira mais simples possível.
Como acham que, se estiverem bem, não importa como estejam os outros, permitem-se fazer extravagâncias. Ora, por não pensarem também no próximo, não são alvo de consideração alguma. Os que se juntam à sua volta são apenas interesseiros e, por esse motivo, quando a situação fica ruim, se afastam.
É natural que justamente tais pessoas vivam em meio a problemas e reclamações. Por fim, tudo começa a ir mal. Quando fracassam, elas se afobam, tentando recuperar-se por meio de seu ga; forçam a situação, que já estava adversa, e assim, acabam em um estado lamentável, chegando a não conseguir reerguer-se.
Exemplos como esses são muito frequentes na sociedade. Obviamente, pessoas desse tipo não querem ouvir de forma alguma falar em fé.
Elas dizem com desprezo: "É um absurdo afirmar que existem divindades e budas que nem conseguimos enxergar; isso não passa de superstição. Eles estão na imaginação humana. Eu mesmo sou um deus. Por conseguinte, gastar tempo e dinheiro com tais coisas é o cúmulo da tolice. Fé não passa de consolo para covardes ou passatempo de quem não tem o que fazer." Portanto, não tem como dialogar com pessoas assim.
Para nós, essas pessoas sofrem de insensibilidade em relação à fé.
Por Meishu-Sama - Coletânea Alicerce do Paraíso, vol. 2
Publicado em 8 de abril de 1950