POR QUE AS OBRAS DE ARTE CHEGAM ÀS MINHAS MÃOS (Terceira parte)
[...] Ocorreu um fato interessante. Eu estava querendo adquirir a edição primeira e original da famosa série de xilogravuras intitulada "As 53 vilas da estrada Tokaido", de Hiroshige.
Repentinamente, apareceu um antiquário especializado em xilogravuras que me ofereceu obras de Hiroshige e de outros artistas. Eu lhe disse que, se fosse a impressão original da série "As 53 vilas da estrada Tokaido", eu a compraria na hora. Qual não foi o meu espanto, quando, no dia seguinte, ele a trouxe, dizendo: "Nunca vi algo tão misterioso.
Ontem, assim que cheguei à minha casa, uma pessoa trouxe-me exatamente o que o senhor havia pedido. Fiquei muito surpreso, pois estava à procura dessa obra há quarenta anos, e ontem apareceu alguém para vendê-la. Realmente, é um fato inexplicável!"
É claro que eu também fiquei comovido com o extraordinário milagre. Examinando a obra, vi que havia sido preservada por um renomado e importante senhor feudal.
Soube, inclusive, que a magnífica encadernação que protegia a obra fora feita por um ancestral seu; por isso, fiquei duplamente surpreso e, mais uma vez, contente pelo seu baixo preço. A seguir, falarei sobre a cerâmica chinesa.
Antigamente, eu não tinha o menor interesse pela referida cerâmica e muito menos capacidade de avaliá-la. Todavia, quando pensei que ela seria indispensável ao Museu de Belas-Artes, não tardou que chegassem às minhas mãos peças provenientes de várias localidades. São elas as que atualmente estão expostas no museu.
Quando afirmo que foram colecionadas em apenas um ano, as pessoas não acreditam. Ao mesmo tempo, uma vez que eu não entendia absolutamente nada do assunto, no início, fui escolhendo com base nas explicações dos antiquários e orientado pelo meu sexto sentido.
Hoje, os especialistas dizem que se sentem impressionados por verem reunidas tantas obras de qualidade. Em vista disso, como sempre, não tenho palavras para expressar o que sinto diante das grandiosas graças que Deus me tem concedido. [...]
Por Meishu-Sama - Coletânea Alicerce do Paraíso, vol. 5
Publicado em 8 de outubro de 1952