GRAÇAS RECEBIDAS NESTA VIDA (Segunda e última parte)
A propósito disso, desejo expor minha crítica sincera. Dos dois tipos de fé mencionados, o primeiro pode ser vulgar, mas a verdade é que ele influencia a massa popular mais do que podemos supor.
Dado que a massa tem um baixo nível intelectual, nem princípios nem teorias lhe interessam. Essas pessoas visitam santuários de vez em quando, fazem pedidos de graça e oferta monetária e se satisfazem com isso. Trata-se de uma fé muito simples, mas que, indiscutivelmente, influencia positivamente o sentimento.
Mesmo esse tipo de crença, como ele parte de uma visão espiritualista que acredita no invisível, certamente contribui para o bem social mais do que aquela que se baseia no materialismo. Afinal, uma pessoa que possui o sentimento de orar a divindades, dificilmente cometerá crimes brutais a sangue frio.
O segundo tipo de fé, diferentemente do primeiro, é seguido por pessoas que, partindo do princípio que não se deve acreditar naquilo que não se vê, rejeitam a crença no invisível, considerando como superstição. Parece que, atualmente, a maioria dessas pessoas pertence à classe intelectual.
Naturalmente, uma vez que são materialistas, elas até lidam com as religiões, mas como uma forma de estudo. Consequentemente, quando discutem o assunto, não o aceitarão se não o colocarem em termos teóricos e filosóficos. A nosso ver, seus argumentos são extremamente superficiais, e as críticas que fazem à nossa religião não passam de comentários maledicentes.
Para se analisar verdadeiramente uma religião é preciso nela se aprofundar e, com olhar aguçado, ver como de fato ela é. Nesse caso, deve-se abandonar completamente a subjetividade, sem se deixar levar por ideias preconcebidas.
Originariamente, a essência de uma religião não está em sua forma, mas em seu conteúdo. Portanto, é necessário que os intelectuais mudem de postura ao tecer suas críticas.
De acordo com o exposto acima, consideramos grosseiro e leviano criticar nossa religião julgando apenas pela aparência e tachá-la de crença popular só porque prioriza o recebimento de graças nesta vida. Enquanto as críticas persistirem nesse foco, elas não terão nenhum sentido.
Se fizerem uma profunda análise da nossa religião, compreenderão que ela não só é de caráter popular, mas também teórica. Podemos dizer mesmo que é uma ultrarreligião jamais antes experimentada pela humanidade. E não é só isso.
O que defendemos não se limita à religião. Estamos lançando as mais altas diretrizes referentes ao campo da medicina, da agricultura, da arte, da educação, da economia, da política; enfim, a todas as atividades desenvolvidas pelo ser humano.
Em suma: queremos demonstrar concretamente a teoria de que fé e vida cotidiana são indissociáveis.
Por Meishu-Sama, Coletânea Alicerce do Paraíso, Vol. 2
Publicado em 8 de novembro de 1950