SEJA DAIJO (Primeira parte)
Como sempre digo: aquilo que é mal, na perspectiva daijo, é bem do ponto de vista shojo. Já aquilo que é mal na perspectiva shojo, é bem do ponto de vista daijo.
Alguns fiéis tendem a esquecer esse ponto fundamental. Por conseguinte, é preciso que reflitam bastante e se corrijam. Falando de uma forma mais compreensível, a visão daijo consiste em observar as coisas de forma abrangente. Vou explicar melhor.
Há casos em que alguém se empenha numa prática acreditando ser um bem, mas no final acaba tornando-se um obstáculo para a propagação dos ensinamentos.
Justamente esse tipo de pessoa age com base na própria capacidade, confia demais na força humana e, inconscientemente, tende a esquecer a imprescindível Força Divina. Certamente, muitos devem ter vivido situações como essa.
Frequentemente, ouço pessoas que, intrigadas, fazem o seguinte comentário: "Apesar de ser tão fervorosa, aquela pessoa não consegue expandir a fé, por que será?" É porque essa pessoa possui fé shojo e, como tal, seu comportamento é excessivamente formal e rígido, não atraindo as pessoas e, por isso, não propaga a fé.
O pior de tudo é que, uma vez que leva as coisas ao extremo, perde a sensatez e age com palavras e atitudes excêntricas.
Ao presenciar isso, pessoas esclarecidas julgam nossa Igreja uma religião supersticiosa, de baixo nível, e passam a nos olhar com desprezo. Por essa razão, devemos tomar o máximo de cuidado nesse ponto.
Existem pessoas, no entanto, que expandem a fé além das expectativas, apesar de não darem mostras de serem tão fervorosas. O motivo é que elas assimilaram e praticam a fé daijo.
Desejo acrescentar que são justamente as pessoas de fé shojo as que costumam definir o bem e o mal do próximo.
Tenho dito frequentemente que isso é um erro gravíssimo, pois só Deus conhece o bem e o mal no homem.
Na condição de ser humano, querer definir o bem e o mal é uma blasfêmia e não há ofensa maior a Deus.
Tais pessoas, geralmente, se consideram as únicas certas e são orgulhosas. Ao mesmo tempo, visto que não são virtuosas, além de não expandirem a fé, muitas vezes criam problemas despropositados.
Por Meishu-Sama - Coletânea Alicerce do Paraíso, vol. 3
Publicado em 25 de novembro de 1951