SEJA UM CIDADÃO DO MUNDO (Primeira parte)
De agora em diante, as pessoas precisam tornar-se universais. A propósito disso, tenho uma história interessante.
Logo após a Segunda Guerra Mundial, um ex-militar procurou-me e, com uma fisionomia de profunda indignação e grande revolta, disse: "Não entendo de modo algum o motivo da rendição dos japoneses. É realmente inadmissível."
Impressionado por eu não ter dado importância às suas palavras, perguntou-me: "O senhor é japonês?" Respondi-lhe: "Não, não sou japonês." Ele ficou muito espantado e, trêmulo, insistiu: "Então, qual é a sua nacionalidade?" Eu disse: "Sou universal."
Ouvindo isso, com a fisionomia de quem ficou sem o chão, ele pediu-me que eu explicasse melhor, até sentir-se completamente convencido. O que vou expor tem por base as explicações dadas naquela oportunidade.
Primeiramente, o fato de discriminar uma pessoa por ser japonesa, chinesa ou de qualquer outra nacionalidade está errado. No entanto, os japoneses daquela época agiam assim.
Tendo vencido duas guerras, a Primeira Guerra Sino-Japonesa e a Russo-Japonesa, e por se verem incluídos repentinamente entre os países mais poderosos do mundo, tornaram-se presunçosos.
Não só julgaram, como também fizeram os outros crer que o Japão era um país divino, especial, e acabaram por provocar a Segunda Guerra Mundial.
Nessas condições, passaram a tratar com desprezo outros povos como se fossem animais, a invadir nações como bem entendiam e a matar pessoas com a maior naturalidade. No final, entretanto, acabaram por sofrer a amarga experiência de se verem derrotados.
Enquanto o povo tiver o pensamento de que, se o próprio país estiver bem, não interessa como estejam os demais, certamente será impossível almejar a paz mundial. Poderemos entender isso melhor imaginando, por exemplo, um conflito entre duas províncias do Japão.
Como o problema ocorre dentro do país e tratando-se, portanto, de conflito entre irmãos, é natural que será fácil resolvê-lo. Logo, basta aplicar essa lógica mundialmente.
Por Meishu-Sama - Coletânea Alicerce do Paraíso - Vol. 5
Publicado em 3 de outubro de 1951