O PRAGMATISMO RELIGIOSO
O pragmatismo, apresentado inicialmente pelo conhecido filósofo norte-americano Charles Sanders Peirce, tornou-se uma filosofia de âmbito mundial propagada por William James que, hoje, chega a ser considerado seu criador.
No Japão, o termo pragmatismo é comumente traduzido como utilitarismo ou praticismo; no entanto, parece-me mais adequado chamá-lo de "teoria em ação".
Penso ser desnecessário falar minuciosamente a esse respeito, porque se trata de uma teoria que todos que se interessam por filosofia já conhecem. No momento, desejo discorrer sobre o pragmatismo religioso. Já me referi anteriormente a seu respeito, mas torno a abordá-lo, para uma compreensão mais aprofundada.
Quando se menciona pragmatismo religioso, temos a impressão de que todas as religiões tradicionais o estejam adotando. Sabemos que elas realizam, por exemplo, a divulgação por meio de textos, sermões, orações, rituais, abstinências e práticas ascéticas. Lamentavelmente, não chegam a influenciar o cotidiano, que é o mais importante.
Falando francamente, elas não passam de uma espécie de aprimoramento espiritual, distante da vida real. Já o pragmatismo filosófico busca introduzir a filosofia na vida prática, objetivando torná-la útil, o que demonstra claramente o estilo americano.
Pretendo fazer algo semelhante; porém, mais do que introduzir a religião na vida prática, desejo estabelecer entre ambas uma relação indissociável.
Ao contrário dos religiosos tradicionais, deixemos de ser intolerantes, isolados ou idealistas. Abandonemos a visão de distanciamento do mundo e sejamos iguais às pessoas comuns, buscando eliminar qualquer indício de fé que cheire a mofo.
Ajamos sempre de acordo com o senso comum em todos os aspectos, tornando nossa fé imperceptível aos outros. Creio que a fé deva ser incorporada a esse ponto. Ou seja, trata-se de agir com flexibilidade e adequação.
Com essa explicação, creio que puderam entender, em linhas gerais, o que vem a ser o pragmatismo religioso.
Por Meishu-Sama - Coletânea Alicerce do Paraíso - Vol. 4
Publicado em 30 de maio de 1951