Neste mundo, há muitos acontecimentos desagradáveis porque é grande o número de pessoas falsas. (Primeira parte)
Entre os vários tipos de superstições existe uma, pouco notada, que é a superstição da mentira, ou seja, trata-se da superstição que leva a pessoa a pensar que obterá êxito mesmo mentindo.
Realmente, o homem da atualidade mente demais. A maioria, acostumada a esse hábito, não se dá conta que mente. Ou seja, provavelmente não nota que a mentira já foi incorporada à sua pessoa.
Quando isso ocorre com meus servidores, costumo chamar-lhes a atenção, mas a maioria deles não consegue sequer distinguir a verdade da mentira.
Só percebem haver mentido e pedem desculpas depois de eu lhes explicar claramente a respeito. Mentir tornou-se tão natural a ponto de deixá-los incapazes de distinguir os limites entre a mentira e a verdade.
Deixarei de lado as mentiras menores, que não vêm ao caso. Vou procurar escrever sobre as mentiras que não podem ser desprezadas, ou seja, aquelas que são ditas consciente e premeditadamente por muitas pessoas.
Começarei por analisar as mentiras proferidas pelos políticos, que são de grandes proporções. Embora não tenham muita convicção, eles prometem planejar ou tomar certas medidas políticas.
Depois de declará-las com todo aparato, no final, deixam de cumprir as promessas e, por isso, muitas vezes, são responsabilizados. Há, também, muitos parlamentares que desprezam os compromissos assumidos com seus eleitores e julgam essa atitude perfeitamente normal.
Do mesmo modo, existem muitos educadores cujos atos contradizem a grandeza de suas palavras. Também é considerado senso comum os jornais publicarem artigos repletos de mentiras. Evidentemente, as propagandas exageradas são igualmente mentirosas.
No entanto, o que constitui o maior problema são os impostos dos dias atuais. É uma competição de mentiras entre arrecadadores e contribuintes, sumamente complicada e desagradável.
Por Meishu-Sama - O pão nosso de cada dia, vol. 2 - Poema 127
Publicado em 5 de setembro de 1951