Forte é aquele que, esquecendo-se de si mesmo, percorre o caminho correto. (Segunda parte)
[...], existem inúmeras situações desagradáveis.
Não há dúvida que a causa está na escassez do senso de justiça social. Tudo ocorre porque existe um excessivo contingente de pessoas "espertas". Examinando minuciosamente os fatos, dá para entender por que a sociedade se tornou o que ela é hoje.
Em todas as épocas, os jovens são tomados por um grande senso de justiça e também por uma considerável indignação contra o mal. Ao concluírem sua vida escolar e ao se tornarem integrantes da sociedade adulta, enfrentam uma realidade tão inesperada que, à medida que somam experiências, seus pensamentos vão mudando.
Se, inexperientes, clamarem, indignados, contra a injustiça ou a favor do senso de justiça, por exemplo, poderão criar inesperados mal-entendidos, ser evitados pelas pessoas e suscitar a antipatia de seus superiores, o que lhes poderá dificultar o sucesso na carreira.
Assim, seu senso de justiça é posto em um canto do coração, e eles passam a agir, visando aos próprios interesses. A essa altura, são tidos como pessoas que conseguiram dominar a arte de viver.
Evidentemente, não posso dizer que tudo isso seja errado. Contudo, o aumento de pessoas dessa natureza torna as instituições sociais mais frouxas, e o alastramento da sensação de decadência da moral levará ao aumento de corruptos e criminosos. E a realidade da nossa sociedade não aponta para essa tendência?
Pela minha larga experiência, a maneira mais certeira de se determinar o valor do ser humano é conhecer o grau de intensidade de sua indignação ao mal. Isso porque, quanto maior ojeriza ele tiver ao mal, mais firme e sólido será o seu caráter. Todavia, não me refiro à indignação simplista, pois esta, às vezes, poderá acarretar situações perigosas.
Por Meishu-Sama - O pão nosso de cada dia, vol. 2 - poema 107
Publicado em 25 de fevereiro de 1951