POR QUE AS OBRAS DE ARTE CHEGAM ÀS MINHAS MÃOS (1ª PARTE)
Por: Meishu-Sama
Quem já visitou o Museu de Belas-Artes de Hakone, sabe disso: nele, temos inúmeras peças que não se conseguem obter facilmente e não há quem não fique admirado. A respeito disso, vou contar como tudo ocorreu.
Comecei a adquirir esses objetos de arte logo após o término da Segunda Guerra Mundial. Naquela época, o Japão passou por uma transformação até então nunca vista.
Os nobres, os milionários, os descendentes dos senhores feudais, os grandes conglomerados econômicos, enfim, quase todos os que pertenciam à classe privilegiada, perderam esse status simultaneamente.
Pressionados repentinamente pela dificuldade financeira, eles se viram obrigados a desfazer-se das caligrafias, quadros, antiguidades, preservados zelosamente pelas famílias desde a época de seus ancestrais.
Por conseguinte, surgiram no mercado muitas peças raras de excelente qualidade e baratas. Fiquei com muita pena, pois essas pessoas, para conseguirem pagar os altíssimos impostos lançados sobre seus bens, sem outra saída, precisavam vendê-los de qualquer forma, mesmo contra a vontade e inconformadas.
Assim sendo, eu comprava os objetos, levado por uma grande vontade de ajudá-las, de modo que, sem mesmo pedir desconto, obtive a maioria deles pagando o preço estipulado. Ao mesmo tempo, é óbvio que sempre me esquivei dos lucros exorbitantes dos antiquários gananciosos. Dessa forma, as peças foram, pouco a pouco, sendo reunidas.
Como tenho dito sempre, desde jovem eu gostava muito das belas-artes. Entretanto, minha capacidade de avaliação era a de um amador; aliás, eu não tinha ainda experiência em fazer negócios desse tipo, nem entendia de preços do mercado de arte.
Especialistas no assunto que visitaram o Museu de Belas-Artes de Hakone, teceram elogios sinceros e não apenas para serem gentis: "Em todos os museus de belas-artes que visitei até hoje, é considerável o número de peças expostas de valor duvidoso, mas neste, todas são de excelente qualidade."
O Sr. Alan Priest, curador do Setor de Belas-Artes Orientais do Museu Metropolitano de Nova York, que nos visitou recentemente, também enalteceu sobretudo esse aspecto.
Por Meishu-Sama - Alicerce do Paraíso, vol. 5
Publicado em 8 de outubro de 1952