LIBERDADE NA FÉ (1ª PARTE)
Por: Meishu-Sama
No Japão, a liberdade religiosa foi estabelecida após a promulgação da nova constituição e, por essa razão, é desnecessário escrever sobre o assunto.
Pretendo discorrer sobre a liberdade no âmbito da própria fé.
No mundo inteiro, há inúmeras organizações religiosas – grandes, médias e pequenas –, e como é do conhecimento de todos, cada fiel, sem exceção, considera sua religião superior, e as demais, obviamente, inferiores.
Por esse motivo, advertem veementemente para não se ter contato com outras religiões. Dizem que elas são falsas, que o castigo que virá do Deus da sua religião é terrível e que não se poderá obter a salvação seguindo a dois senhores.
Há religiões que são muito rígidas nesse aspecto. Existem missionários que tentam intimidar seus fiéis dizendo-lhes, por exemplo, que, se mudarem de fé, sofrerão grandes infortúnios, doenças graves, perda da própria vida ou da família inteira etc. Trata-se exatamente de recursos típicos de falsas religiões.
Obviamente, tomando-se por base o senso comum, tais afirmações são absurdas, mas as pessoas, ao contrário do esperado, acreditam nelas e não conseguem tomar a decisão de abandoná-las. Isso não se restringe às novas religiões; já que mesmo nas antigas e respeitadas, ocorrem, frequentemente, situações semelhantes, o que é incompreensível.
Analisando com atenção, veremos que a polêmica do livre pensamento não se restringe ao campo político ou social, pois parece que os grilhões do feudalismo persistem também no terreno das religiões.
A partir desta realidade, gostaria de falar-lhes sobre a liberdade na religião. Promover vantagens para a entidade religiosa em detrimento dos fiéis, cerceando sua vontade, é um absurdo. Aliás, proferir palavras de intimidação com esse objetivo constitui uma ameaça condenável cometida em nome da fé.
Como ilustração, citarei algo que ouvi de uma pessoa: "Há muito tempo sou adepto fervoroso de uma religião, mas estamos sempre doentes sem nos livrar da pobreza.
Por esse motivo, fui perdendo a fé e resolvi abandoná-la. Entretanto, o missionário que me atendeu, disse coisas aterrorizantes. Sem saber como agir, venho pedir um conselho ao senhor." Respondi-lhe que aquela religião, sem sombra de dúvida, não era verdadeira e que o melhor seria deixá-la o quanto antes. No entanto, parece que religiões como essa são numerosas na sociedade.
Por Meishu-Sama - Alicerce do Paraíso, vol. 4
Publicado em 8 de outubro de 1952