NOSSA RELIGIÃO E O PRINCÍPIO DO GRANDE CAMINHO
Por: Meishu-Sama
Observando a sociedade atual, vemos pessoas provocando alvoroço, dizendo-se de esquerda, de direita ou de centro.
Diante disso, é fácil ocorrer atritos entre esses grupos, em virtude de cada um se prender à sua ideologia e defendê-la a todo custo. Obviamente, deve existir quem tenha apenas o propósito de provocar atritos e conflitos, mas isso não vem ao caso no momento.
Após a Segunda Guerra Mundial, o objetivo do povo japonês tem sido o estabelecimento da democracia, que, por sua vez, visa ao máximo de felicidade possível para a maioria das pessoas.
Se, no entanto, cada um insistir em seus princípios e ideologias, isso resultará em conflitos e, ao invés de proporcionar felicidade ao máximo de pessoas, acarretará maior infelicidade.
Não sou eu apenas quem o diz. Basta observar a situação atual da sociedade para que, lamentavelmente, possamos constatar essa realidade claramente.
Vejamos, por exemplo, os partidos políticos. Em um mesmo partido, existem alas cujos componentes, devido à diferença de pontos de vista, estão sempre em discórdia, e a realidade é que persiste o perigo de divisão.
Qualquer pessoa que não esteja de acordo com o ponto de vista do grupo, tende a ser considerada como inimiga. Planeja-se, até mesmo, a derrubada do gabinete ministerial que acaba de ser formado, cobrando do gabinete, instituído há apenas dois ou três meses, o cumprimento das promessas feitas durante a campanha e, quando estas não são cumpridas, tacham-se os políticos de demagogos.
É por esse motivo que o Gabinete japonês muda com tanta frequência, que nem dá tempo para esquentar as cadeiras.
Nesse aspecto, assemelha-se ao da França. Na Inglaterra, o gabinete constituído pelo Partido Trabalhista, ao contrário do que se esperava, teve um resultado ruim no seu primeiro ano. Se fosse no Japão, ele teria sido fortemente criticado.
De fato, a tolerância dos ingleses é extraordinária. [...]
A situação atual do Japão, como à que me referi, é uma consequência da incapacidade de livrar-se da sua mentalidade estreita de país insular. Por essa razão, nesta oportunidade, todos os japoneses deveriam empenhar-se, antes de mais nada, em cultivar o espírito de tolerância, e sinto que esta é tarefa urgente a ser cumprida neste momento.
Se o objetivo da religião é formar um mundo sem conflitos, ela precisa, antes de mais nada, corrigir sua visão estreita de se julgar superior às demais religiões e de menosprezá-las.
Nesse sentido, nós também devemos avançar sem pendermos para a direita ou para a esquerda, nem ficarmos presos ao centro, mas abraçar todos os princípios e opiniões, promovendo um ideal nobre e grandioso, um pensamento universal e inclusivo. Denomino isso Princípio do Grande Caminho.
Por Meishu-Sama - Alicerce do Paraíso, vol. 3
Publicado em 30 de janeiro 1950