MILAGRE E RELIGIÃO (1ª parte)
Por: Meishu-Sama
Seria desnecessário dizer que milagre é a ocorrência de algo considerado impossível, fora da lógica e impensável pelo senso comum. Portanto, mistério é a melhor palavra para designar milagre.
Desde quando existe o milagre? Temos o registro dos milagres de Jesus Cristo, os quais são muito conhecidos e dispensam comentários.
No Japão, é notório o milagre que ocorreu com Nichiren quando foi perseguido em Tatsu-no-ku-chi. Também são conhecidos os inúmeros milagres ocorridos com os fundadores das religiões Tenrikyo, Oomoto, Konkokyo e Perfect Liberty.
Em toda parte, há pequenos milagres, mas o estranho é que nas grandes e antigas religiões, parece que eles quase não ocorrem.
Enquanto seus fundadores estavam vivos, é bem provável que tenha havido muitos milagres. Contudo, com o passar do tempo, eles foram cessando por completo.
Por esse motivo, para garantir a sobrevivência de suas religiões, os estudiosos precisaram desenvolver algo de valor que substituísse os milagres. Talvez a Filosofia da Religião, a Ciência da Religião, a Teologia e outras formas de estudos sistematizados sejam resultados disso.
O ponto central desses estudos é que o correto é a religião ocupar-se da salvação espiritual e, por isso, as graças recebidas nesta vida vieram sendo menosprezadas. Além disso, foram acrescentadas as tradições próprias de cada religião, o que de alguma forma manteve os ensinamentos vivos.
Todavia, as pessoas com discernimento, bem como as camadas mais cultas da população não as aceitam e, desde que não encontram uma fé cujo teor as satisfaça, é natural que muitos não adotem nenhuma fé, conforme se sucede atualmente.
Torna-se claro, portanto, que a fé ansiosamente procurada pelo homem contemporâneo é, antes de mais nada, algo novo, despojado de velhas roupagens e respaldado em fatos, livre de teorias vazias. Enfim, em todos os aspectos, essa fé deve ter uma abordagem racional.
Por outro lado, no momento, até que algumas crenças estão se expandindo significativamente, como a Narita-no-Fudosson, Toyokawa, Fushimi-Inari, Kompira-Gonguen e uma ramificação da Nichiren-shu.
Elas, talvez, de certa forma, estão sendo úteis à sociedade, porém, como visam unicamente às graças e são tidas como de nível inferior, não exercem nenhuma atração sobre as pessoas cultas nem sobre a camada jovem. Observando com imparcialidade, elas só atendem a uma parcela da população.
Por Meishu-Sama – Alicerce do Paraíso, vol. 2
Publicado em 5 de março de 1952