O BEM E O MAL (continuação)
Por: Meishu-Sama
[...] Existem também pessoas que não praticam más ações, entre outros motivos, para se resguardarem, pois, apesar de pretenderem o mal, temem o descrédito da sociedade; muitas vezes, falta-lhes coragem, apesar de desejarem seus proveitos.
Por outro lado, muitos praticam o bem por conveniência, sabendo que as boas ações conquistam a confiança e são compensadoras; ou melhor, praticam o bem na esperança de retribuição. Isso não passa de uma negociação, pois eles vendem favores para comprar gratidão. Esse tipo de bem não oprime o próximo nem afeta a sociedade.
Os praticantes desse tipo de bem são muito melhores do que as pessoas más; porém, não se pode dizer que sejam verdadeiras pessoas de bem. Deveriam ser chamadas de pessoas de bem passivas. Perante os olhos de Deus, elas não são verdadeiras pessoas de bem, pois Seu olhar penetra no mais profundo íntimo do ser humano.
Existem casos em que somos tomados de dúvida e nos perguntamos: “Por que alguém tão bom sofre tanto?” Essa dúvida é decorrente da superficialidade do ponto de vista humano, que não consegue atingir o âmago das pessoas.
Na verdade, tal “indivíduo bom”, quando analisado a fundo, é daqueles que não crê no invisível e pode ser considerado perigoso, pois é capaz de cometer o mal quando, por algum motivo, achar que isso passará despercebido de todos.
Ao contrário, quem crê em Deus, que é invisível, não se deixa ludibriar por perspectivas "brilhantes", pois possui a crença de que, mesmo que consiga enganar o próximo, é impossível enganar a Deus.
Ainda que, do ponto de vista humano, seja considerada uma pessoa de bem, se não crê em Deus, situa-se na esfera do mal, pois corre o risco de transformar-se num mau elemento a qualquer momento. Por essa razão, ter fé, isto é, crer no invisível, é o atributo essencial do autêntico homem de bem.
Estou convencido de que nada, além da fé, é capaz de salvar a situação atual de excessiva degradação dos preceitos morais.
Embora se continue criando leis, polícia, tribunais e prisões para impedir a ocorrência de crimes, tudo isso é como construir jaulas e cercas de ferro, a fim de nos proteger do perigo dos animais ferozes. Dessa forma, os criminosos não estão sendo tratados como seres humanos, mas como animais. E haverá maior infelicidade para alguém do que terminar a vida rebaixado à condição de animal, uma vez que foi criado como um ser elevado?
O ser humano se transforma em animal, quando se degenera, e em ser divino, quando se eleva. Esta é uma verdade imutável. O ser humano é realmente um ser intermediário entre Deus e o animal.
Nesse sentido, o autêntico civilizado é aquele que se libertou da característica animal. Creio que o progresso da cultura significa a evolução do ser animal para o ser divino. E qual é o lugar onde seres divinos se reúnem, senão o Paraíso Terrestre?
Por Meishu-Sama - Alicerce do Paraíso, vol. 1
Publicado em 5 de setembro de 1948