"Para gerar vida, ser mãe, eu precisava, como filha, ser grata por meu pai."
GISELE CAROLINE DOMINGUES BRASIL GUERRA - JOHREI CENTER SUL - CE
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Bom-dia a todos!
Tenho 44 anos, e recebi o Ohikari aos 12, conduzida por minha avó materna.
Desde o início da minha caminhada na fé, desenvolvi uma profunda afinidade com a Coluna de Salvação do Belo, o que me levou a dedicar com as flores.
Junto aos demais missionários, confeccionávamos e distribuíamos miniarranjos florais, atividade que se tornou marcante em nossa unidade religiosa.
Por ser uma cidade pequena, Juína - Mato Grosso, as flores da Igreja Messiânica se tornaram famosas e despertaram curiosidade e encantamento.
A beleza e a energia espiritual que emanavam, tocavam os corações, conduzindo muitas pessoas à fé.
Aos 18 anos, ao investigar irregularidades no ciclo menstrual, fui diagnosticada com síndrome dos ovários policísticos.
Nos anos seguintes, enfrentei sobrepeso e crescimento excessivo de pelos.
Apesar das dificuldades, optei por não seguir tratamento médico, entregando a purificação a Deus e a Meishu-Sama.
Em 2007, casei-me com um ministro da Igreja.
Mesmo cientes do risco de infertilidade, compartilhávamos o profundo desejo de formar uma família e receber a dádiva de ter filhos.
Assim, colocamos esse sonho nas mãos de Deus e de Meishu-Sama, confiando que, no tempo certo, seríamos agraciados com essa permissão.
Com os anos, porém, a dificuldade de engravidar gerava preocupação e angustia.
Éramos orientados a desapegar e manter as dedicações, o que procurávamos seguir com fé.
Em 2010, um ministro me perguntou como era a relação com meu pai.
Foi então que desabafei sobre uma tristeza que carregava desde a infância.
Quando eu tinha sete anos, meus pais se separaram.
Meu pai mudou de estado e nunca mais voltou. Tínhamos notícias esporádicas através de uma tia, mas ele não mantinha contato conosco.
Essa ausência me causou um sentimento profundo de dor e abandono, que se transformou em uma ferida emocional que eu não era capaz de superar.
O ministro me alertou que, por mais que eu dedicasse com afinco, seria necessário trabalhar os sentimentos negativos em relação ao meu pai.
Afinal, independentemente de sua conduta, foi graças a ele que eu vim a esse mundo.
Diante dessa orientação, compreendi que, se desejava gerar vida, antes precisava cultivar a gratidão por aquele que foi instrumento para que eu existisse.
Decidida a transformar meu interior e o destino da família, comecei a orar pelas linhagens paternas e iniciei o contato telefônico com ele.
As conversas eram breves e superficiais, sem demonstrações de afeto.
Por mais que tentasse, a mágoa sedimentada por tantos anos me impedia de expressar sentimentos sublimes como o amor e a gratidão.
Em 2009, buscando aprimorar o servir pela Coluna do Belo, iniciei o curso de Ikebana Sanguetsu.
As aulas e o contato constante com as flores me ajudaram a purificar os sentimentos.
Confeccionava as Ikebanas com o desejo sincero de que meu pai recebesse a Luz de Deus e fosse feliz.
Com isso, aos poucos, a gratidão verdadeira por ele começou a florescer.
Deixei de julgá-lo pelos atos do passado, e busquei acolhê-lo com amor e humildade.
Começamos a nos falar com mais frequência.
Eu lhe contava sobre meus planos, pedia sua opinião e percebia o quanto ele se sentia feliz por, pela primeira vez, ocupar efetivamente sua posição de pai em minha vida.
No fim de 2011, um primo me informou que meu pai estava em tratamento contra um câncer em estágio avançado, mas não queria que eu soubesse.
Levei um grande susto e imediatamente fui visitá-lo com meu marido.
Ficamos três dias com ele, em que ministramos Johrei intensivamente.
Solicitei assistência religiosa, que ocorria quase todos os dias.
Em fevereiro de 2012, já em estado terminal, viajei novamente para vê-lo.
No hospital, ministrei-lhe mais de treze horas de Johrei ininterruptas.
Pedi-lhe perdão e pude perdoá-lo. Falamos sobre nossos sentimentos e expressamos amor um ao outro.
Assim, de forma serena e envolto pela Luz de Deus, ele fez sua passagem para o Mundo Espiritual.
Apesar da dor pela partida, senti uma profunda gratidão e alívio pela permissão de oferecer e receber o amor de meu pai ainda em vida.
Naquela mesma noite, milagrosamente, a atividade menstrual - que estava interrompida há mais de um ano, retornou.
O fluxo intenso durou trinta dias e, a partir de então, o ciclo se normalizou.
Em fevereiro de 2013, durante exames de acompanhamento, descobri que havia uma obstrução da comunicação do ovário direito com o útero, o que reduzia pela metade as chances de gravidez.
Eu e meu marido ficamos desolados.
Nossas esperanças de termos filhos, que já eram pequenas, tornaram-se quase nulas.
Mais uma vez, recorri à fé.
Fui orientada a receber Johrei diário do esposo, o que fizemos por cinco anos ininterruptos.
Paralelamente, adotamos uma alimentação mais natural e orgânica.
No mesmo período, intensifiquei o servir na Coluna do Belo, dedicando semanalmente nas ikebanas da igreja, tornando-me monitora do Sanguetsu e confeccionando miniarranjos florais para diversas atividades.
Todo o amor que desejava oferecer aos meus filhos, colocava na dedicação com as flores.
Com isso, superei o apego e o sofrimento em relação à maternidade, entregando-me de corpo e alma ao servir e à felicidade do próximo.
Com essas práticas, aos poucos, perdi peso e os pelos excessivos diminuíram significativamente.
Em 2016, aos 35 anos, inesperadamente, recebi o maior presente da minha vida até aquele momento: eu estava grávida!
Mal pude acreditar em tamanho milagre.
Com a proteção de Deus e de Meishu-Sama, a gestação transcorreu sem intercorrências.
Em 26 de setembro de 2016, nosso filho nasceu forte e saudável.
A gratidão era imensa e nosso sonho estava concretizado.
Entretanto, Meishu-Sama ainda nos reservava mais uma grande surpresa: exatamente um ano após o nascimento do primeiro filho, soube que seria mãe novamente.
Foi uma explosão de alegria para a família.
Mais uma vez, tudo correu harmoniosamente e, em 26 abril de 2018, nasceu nosso segundo filho.
Essas experiências fortaleceram ainda mais minha fé em Meishu-Sama e o compromisso para com a Obra Divina.
No fim de 2024, prestei o exame de qualificação para professora assistente de ikebana, e tive a imensa felicidade de ser aprovada.
Desejo, mais do que nunca, levar a salvação ao próximo por meio da flor e das práticas messiânicas.
Agradeço a Deus, a Meishu-Sama e aos antepassados por todas as graças e aprendizados recebidos.
Agradeço, ainda, ao meu marido por estar ao meu lado em todos os momentos, bem como aos reverendos, ministros e missionários pelo apoio constante e assistência religiosa.
Muito obrigada.