Quando eu tinha 10 anos, uma tia me revelou, sem entrar em detalhes, que eu tinha um irmão desaparecido. Dias depois, tomei coragem e perguntei à minha mãe.
Ela me contou que, em torno de cinco anos antes de eu nascer, ela engravidara de um namorado. Como meus avós não permitiram o relacionamento, o rapaz acabou indo para o exterior, impossibilitando qualquer convivência.
No parto, ela teve complicações e desmaiou.
Ao acordar, foi informada por uma de suas irmãs que, por ser solteira e sem profissão, ela havia decidido, com o consentimento de minha avó, dar o bebê a outra família, com melhores condições para criá-lo.
Após esse acontecimento, minha mãe ficou depressiva e desenvolveu uma série de distúrbios emocionais e físicos. Passou anos em uma busca desesperada e silenciosa pelo paradeiro do filho.
Em 2005, ela faleceu vítima de AVC isquêmico aos 62 anos.
Na véspera de sua partida, me fez prometer que nunca desistiria de encontrar seu filho.
Em maio de 2013, tornei-me messiânica encaminhada por um amigo.
Eu ia à unidade religiosa todos os dias e fazia reuniões de Johrei no lar.
Posteriormente, assumi novas missões: assistente de família, assistente de ministro, e me empenhei de corpo e alma na expansão da fé messiânica.
Dessa forma, até hoje, já tive a permissão de conduzir diretamente cerca de 80 pessoas à Igreja, incluindo o marido e os dois filhos.
Em março de 2024, recebi o título sacerdotal de ministra assistente no Solo Sagrado de Guarapiranga.
Na ocasião, agradeci a Deus e a Meishu-Sama a permissão de dedicar em nível mais abrangente com os ancestrais para que pudéssemos nos elevar espiritualmente. Ao mesmo tempo, dirigi uma prece humilde e sincera a Deus, a Meishu-Sama e aos antepassados, reforçando o anseio de localizar meu irmão.
No final de abril, inesperadamente, recebi o telefonema de uma prima, filha da tia que entregara meu irmão para ser adotado. Ela me contou que algo inusitado ocorrera.
Sua irmã havia feito um exame de DNA em um laboratório de genética que realiza testes de ancestralidade e oferece uma plataforma digital cujos resultados são compartilhados entre os usuários que desejam descobrir parentes desconhecidos.
Após isso, recebeu o telefonema de um homem explicando que também fez o teste, e os resultados apontavam que eles eram primos ou meios-irmãos. Na hora eu disse a ela: "É o meu irmão!".
Dias depois nos encontramos. Assim que ele me abraçou, as batidas do meu coração mudaram de ritmo, e eu tive a certeza de que, realmente, se tratava do meu querido irmão.
Era como se aquele vazio de anos fosse preenchido instantaneamente.
Compreendi que aquela sensação pertencia aos antepassados que, em algum momento, se sentiram abandonados ou rejeitados. Com isso, além de um irmão, ganhei sete sobrinhos e três sobrinhos-netos.
Estamos nos aproximando cada vez mais e, este ano, fomos juntos ao cemitério onde nossa mãe está sepultada. Foi um momento muito marcante, como se nossa família, há anos dilacerada, tivesse, finalmente, se unido.
Diante de tudo o que vivi, comprometo-me a dedicar cada vez mais na Obra Divina, e a ensinar a todos a importância de cultuar os ancestrais e, principalmente, dedicar pela sua salvação.
Muito obrigada.