De vez em quando, perguntam-me os prós e os contras de se censurar o próximo; portanto, vou escrever a respeito.

A bem da verdade, apenas Deus possui autoridade para censurar os outros. Por conseguinte, censurar significa profanar a posição de Deus. Se olharmos por outro ângulo, o resultado não é positivo e, na maioria das vezes, causa efeitos contrários.

Da minha parte, quando alguém está fazendo algo errado, finjo que não vejo e deixo a situação fluir. Agindo assim, em algum momento, a pessoa acaba se deparando com obstáculos. Nessas circunstâncias, ela própria desperta e se arrepende do fundo do coração.

Exemplificando, é como tentar parar uma grande pedra enquanto ela rola ladeira abaixo: não há como detê-la. Caso alguém tente fazê- lo a todo custo, acabará ferido. Por esse motivo, é melhor aguardar a pedra terminar seu percurso, para então movê-la lentamente.

Contudo, é melhor aconselhar a pessoa: “Procedendo dessa maneira, certamente você terá problemas.” Assim sendo, quando ela se defrontar com uma barreira semelhante, logo perceberá: “Ah, então foi isso o que me disseram antes.”

Nesse sentido, censurar o outro; usar o poder ou algo do gênero para ameaçar ou controlar de qualquer forma; ou ainda, utilizar-se de regras e variados recursos para cercear a liberdade alheia constitui [soluções] temporárias.

Sem dúvida, em algum momento, haverá uma reação que, no final das contas, será desagradável. Seja como for, não haverá verdade se o próprio indivíduo não perceber seus erros e se arrepender do fundo do coração.

Isso também se aplica à Medicina. Os atuais tratamentos médicos buscam interromper as doenças por meio de diversos recursos que [agem como uma forma de] tortura física.

De fato, por mais que se interrompa a doença temporariamente, é certo que haverá uma resposta [do organismo] e a recaída. Este quadro é mais grave do que a doença inicial.

Portanto, nosso tratamento espiritual – que não utiliza nenhum desses recursos dolorosos – possibilita que o doente se cure naturalmente graças à própria capacidade de recuperação. Sendo assim, o método que potencializa essa capacidade [natural] é, de fato, a verdadeira medicina.

Por Meishu-Sama – Coletânea Alicerce do Paraíso, vol. 6

Publicado em 25 de março de 1950