ESTOU CONSTRUINDO O PROTÓTIPO DO PARAÍSO PARA QUE AS PESSOAS EXAUSTAS NELE POSSAM DESCANSAR SERENAMENTE. [continuação]
Por: Meishu-Sama
[...] Construí esse jardim de modo que, visto de perto ou de longe, parcialmente ou na totalidade, ou de qualquer ângulo, sobressaia cada uma de suas características.
Com o passar do tempo, vão nascendo vários musgos típicos de Hakone, plantinhas de nome desconhecido, minúsculas flores graciosas e árvores que crescem nas reentrâncias das pedras como se fossem bonsai, as quais, por si mesmas, parecem querer atrair a atenção das pessoas.
Ultimamente, todo o jardim ganhou certo ar antigo e harmônico. Ele melhorou tanto que ficou irreconhecível. Eu mesmo cheguei a percorrê-lo por diversas vezes, sem ter vontade de me afastar.
Quando chove bastante, temos a impressão de estar vendo, de um lugar alto, uma corrente de água no meio de uma densa mata.
O som da água correndo entre as pedras, as gotas brancas espirrando para todos os lados em graciosas curvas. Finalmente, a água se divide e termina em duas cascatas. Que visão panorâmica deslumbrante!
A cascata do lado direito, que cai em degraus, ao estilo da conhecida Cachoeira Cabeça de Dragão, é maravilhosa.
A queda d'água do lado esquerdo divide-se em vários fios d'água, que, ao baterem no solo, jorram para todos os lados.
Parece mesmo que, a qualquer momento, poderá surgir uma andorinha em um voo rasante, bem rente às cascatas.
A beleza que harmoniza natureza e criação humana está muito bem expressa. Fiquei encantado diante de tal maravilha, a qual foi além das expectativas.
Ao contemplar essas cascatas, sinto-me como se estivesse nas altas montanhas e vales profundos ou diante de uma obra-prima.
Geralmente, as cascatas construídas pelo ser humano têm certo aspecto comum que prejudica essa harmonia, mas isso não se verifica com as do nosso jardim, que são extremamente naturais.
O reflexo das cores vermelha e amarela das folhas do bordo nas cascatas, as cores das árvores plantadas e das nativas me fazem sentir como se estivesse em meio à densa mata.
Vou encerrar por aqui as explanações a respeito do jardim já concluído. [...]
Por Meishu-Sama - O Pão Nosso De Cada Dia, vol. 1 - poema 28 - trechos
Publicado em 5 de setembro de 1948