A CONSTRUÇÃO DO PARAÍSO E A EXCLUSÃO DO MAL
Por: Meishu-Sama
A respeito da transformação deste mundo em Paraíso - que é o objetivo de Deus -, existe um ponto fundamental. E o que seria isso? É o mal que a maioria das pessoas traz no recôndito de seus corações. Pelo senso comum, as criaturas desaprovam o mal e temem muito o contato com ele.
Desde tempos remotos, elas condenam o mal por meio da moral e da ética, e esse também é o objetivo principal da educação. Além disso, os Ensinamentos da religião têm como premissas recomendar o bem e combater o mal.
Observando a sociedade, vemos que os pais advertem os filhos; os maridos, as esposas; as esposas, os maridos; os patrões, os empregados. A tudo isso, acrescentam-se as leis, que, por meio de penalidades, tentam impedir a prática do mal. Entretanto, é incompreensível que, apesar de todo esse esforço, o número de pessoas más é incalculavelmente maior que o de pessoas boas; a rigor, entre dez pessoas, nove são más, e pode ser que nem a décima seja boa.
Contudo, mesmo em se tratando de pessoas más, existem diferentes tipos de mal: os grandes, os médios, os pequenos e outros. Citemos alguns exemplos:
1) o mal praticado proposital e conscientemente;
2) o mal cometido sem se ter ciência disso;
3) o mal praticado por não haver alternativa;
4) o mal perpetrado, acreditando-se ser um bem.
O primeiro não necessita de maiores esclarecimentos; o segundo é o mais comum e numeroso; o terceiro, por ser cometido por pessoas desprovidas de razão e inteligência, é algo fora de questão; já o quarto, isto é, o mal que se faz pensando ser um bem, é o mais danoso, por ser praticado abertamente e com determinação. Detalharei isso posteriormente.
Agora, descreverei a visão de mundo do mal a partir da perspectiva do bem.
Observando a atualidade, constatamos que o predomínio do mal é tão grande, que podemos perfeitamente dizer que este mundo é o mundo do mal. Temos conhecimento de inúmeros exemplos de homens de bem que foram atormentados pelos perversos; da situação inversa, eu nunca ouvi falar.
Como o mal possui mais adeptos que o bem, enquanto os malvados burlam as leis e agem como bem entendem, os bons ficam subjugados, vivendo constantemente atemorizados. Esta é a situação do mundo atual. Por serem mais fracos, os bons são sempre perseguidos e maltratados pelos maus.
A democracia surgiu naturalmente em contraposição a esse absurdo estado de coisas. O Japão, que viveu longo tempo sob o domínio do pensamento feudal, insistiu em manter uma sociedade em que os fracos são vítimas dos fortes; felizmente, com a ajuda do exterior, conseguiu implantar o regime democrático.
Por esse motivo, mais do que dizer que a democracia no Japão foi um evento espontâneo, devemos afirmar que ela foi uma consequência natural.
Eis um raro exemplo da vitória do bem sobre o mal. Contudo, a democracia japonesa ainda não está consolidada; em vários setores, existem resquícios de feudalismo. E talvez eu não seja a única pessoa a perceber isso. [...]
Por Meishu-Sama, Alicerce do Paraíso, vol. 1 - trechos
Publicado em 13 de agosto de 1952