A ENTREGA A DEUS
Por: Meishu-Sama
Frequentemente ensino as pessoas a entregar completamente suas aflições a Deus. O que quero dizer é que, independentemente do que ocorra, não devem se preocupar. Parece algo simples que conseguimos realizar sem nenhuma dificuldade, mas na realidade não o é.
Eu mesmo, quando me vejo nessa situação, faço um grande esforço para entregar tudo a Deus; entretanto, as preocupações começam a me rondar. Afinal, neste mundo cheio de perversidades, é quase impossível conseguir isso. Por outro lado, a pessoa de fé é diferente das demais: tão logo lhe surge uma preocupação, lembra-se de entregá-la a Deus e sente grande alívio.
Gostaria de salientar um ponto que as pessoas não percebem. Se interpretarmos espiritualmente, veremos que o pensamento [sonen] de preocupar-se é uma espécie de apego. Ou seja, o apego à preocupação é como um mal que influencia negativamente todas as coisas.
Geralmente, quando se fala em apego, pensa-se no apego que se liga ao desejo de ter sucesso, de obter dinheiro, de viver no luxo e de satisfazer todas as vontades. Há, ainda, outro tipo de apego, de caráter maligno, que se manifesta em desejos como: "Aquele sujeito é um insolente, um atrevido, e eu o odeio! Vou lhe dar uma boa lição".
Entretanto, o apego ao qual me refiro não é aquele tão óbvio. É um apego que geralmente passa despercebido. Trata-se da preocupação com o presente ou da ansiedade excessiva. Refiro-me também ao sofrimento pelo que ficou no passado.
Quando se trata de um fiel, embora Deus queira conceder-lhe graças, o apego acaba formando espiritualmente um obstáculo e, quanto mais forte ele for, mais fraca é a proteção divina e, por esse motivo, as coisas não correm a contento.
Um bom exemplo disso é que, à proporção que se deseja muito alguma coisa, mais difícil é consegui-la. Qualquer um já teve a experiência de ver concretizar seu desejo quando já tinha desistido dele. [...]
Por Meishu-Sama, Alicerce do Paraíso, vol. 4
Publicado em 28 de novembro de 1951