Bom-dia a todos!
Tenho 57 anos de idade e pertenço à Igreja Mato Grosso do Sul (MS).
Gostaria de compartilhar minha experiência de reconciliação com o espírito de meu pai e de como isso impactou na melhora do meu quadro de saúde emocional.
Conheci o Johrei em 1989. Na época, residia com meu esposo na cidade de Marília, no interior do Estado de São Paulo.
Havia uma vizinha messiânica que passou a me ministrar Johrei assiduamente.
Após quatro anos, retornamos a Campo Grande. Todavia, embora gostasse de receber Johrei, não procurei a Igreja Messiânica.
Fui criada pela minha avó paterna, minha tia e meu pai, pois minha mãe faleceu quando eu tinha apenas dois anos de idade. Após três anos, minha avó também partiu para o Mundo Espiritual.
Quando eu estava com 11 anos, meu pai se casou e passou a residir em outra cidade com minha madrasta. Ele me chamou para morar com eles, mas preferi ficar com minha tia.
Sempre nutri um amor imenso por meu pai. Nas férias escolares, viajava para sua cidade.
Eram momentos muito felizes. Interiormente, porém, eu cobrava mais atenção e carinho; não sentia que meu pai retribuía à altura o amor que nutria por ele e achava que ele dispensava aos filhos do outro casamento, um tratamento que eu não tinha.
Na adolescência, desejava ter mais contato com ele, mas o orgulho me impedia de procurá-lo.
Ao me tornar adulta, constatei que ele sempre esteve presente nos momentos especiais: noivado, casamento, gravidez, nascimento do neto, entre outros.
Eu me culpava por não ter convivido mais tempo com meu pai e clamava a Deus por uma nova oportunidade de estar próxima e cuidar dele, demonstrando o quanto o amava.
Em 2009, meu pai começou a apresentar problemas renais em decorrência da diabetes.
Era a oportunidade que eu tanto esperei. Até mesmo por ser enfermeira com experiência em pacientes crônicos.
Todavia, devido aos afazeres em casa e no trabalho, acabei não dando a devida atenção. Meu pai morava em uma cidade a cerca de 150 km de distância e eu o visitava esporadicamente.
Ao longo de dez anos ele passou por hemodiálise, amputações, diminuição da visão, transplante de rins e outras complicações até falecer de insuficiência renal em 2019.
Com esse fato, a culpa por não lhe ter prestado maior assistência e priorizado nossa relação passou a me consumir dia a dia.
Sentia falta dos encontros, dos abraços e diálogos que não tivemos.
Ao mesmo tempo, questionava o porquê de meu pai ter sofrido tanto com a doença, mesmo sendo uma pessoa boa.
No mesmo ano, desenvolvi síndrome do pânico, ansiedade, depressão e insônia.
Fazia acompanhamento psiquiátrico e tomava medicamentos controlados.
Em 2020, diante da pandemia de Covid-19, os sintomas se acentuaram; eu não podia dormir e tinha constantes crises de ansiedade, que prejudicavam minha vida pessoal e profissional. Esse quadro levava o psiquiatra a aumentar as doses de medicamentos prescritos a cada consulta.
Em janeiro de 2021, um amigo messiânico me ligou. Ao perguntar como eu estava, chorei copiosamente e desabafei tudo o que passava. Após um breve silêncio, ele afirmou: "Johrei! Você precisa de Johrei!"
Contudo, não tinha forças para seguir sua recomendação.
Assim, ele me mandava mensagens todos os dias perguntando como eu estava e se já tinha ido à igreja, reforçando que era o Johrei que me tiraria daquela condição.
Sendo assim, após dois meses, fui à igreja.
Conversei com o ministro e passei a receber três Johrei por dia. Na primeira semana, notei uma sensível melhora. Após um mês, o psiquiatra reduziu as doses dos medicamentos.
Diante disso, desejei ingressar na fé messiânica e, em agosto de 2021, tive a permissão de receber o Ohikari (Medalha da Luz Divina).
Solicitei o Sorei Saishi (Ofício Religioso de Assentamento e Sagração dos Ancestrais e Antepassados) e comecei a dedicar.
Nesse período, embora com dosagens bem mais baixas, ainda fazia uso de medicação controlada.
O remorso em relação ao meu pai permanecia e me machucava muito.
Em novembro de 2021, exatamente há um ano, tive a permissão de peregrinar ao Solo Sagrado de Guarapiranga pela primeira vez, por ocasião do Culto às Almas dos Antepassados.
Fiquei encantada com a beleza do local. Sentei-me na lateral do templo em uma posição que, apesar de distante, me possibilitava visualizar todo o Altar.
Imersa em muitos pensamentos, ouvi o coral interpretando músicas de que meu pai gostava muito e escutava com frequência.
Dentre elas, uma dizia: "Nada do que foi será, de novo do jeito que já foi um dia."
Senti como um prenúncio de que tudo seria diferente a partir daquele momento.
Muitos passarinhos também cantavam, fazendo grande algazarra.
Meu pai era criador de pássaros de competição e tinha muitos deles em sua casa, que entoavam belíssimos cantos, embora tristes em suas gaiolas.
Contudo, o que eu ouvia agora era um canto de alegria e liberdade. Tudo se harmonizava perfeitamente. Era Deus e Meishu-Sama agindo.
Lágrimas começaram a escorrer e uma sensação de reencontro e alegria invadiu meu coração.
Tinha uma forte impressão de reconciliação com meu pai e comigo mesma.
Na leitura do ensinamento "Camadas do Mundo Espiritual", refleti sobre a doença de meu pai.
Entendi que, conforme os desígnios de Deus, ele cumprira sua missão por meio daquela intensa purificação.
Ocorreu-me que, para alcançar a verdadeira paz interior, eu deveria compreender que cada ser humano recebe uma missão e deve cumpri-la de acordo com a Vontade Divina, não cabendo a mim questionar, e sim, agradecer.
Durante a palestra, o presidente se referiu a uma moça que guardou, durante anos, mágoa do pai falecido; por meio de uma dedicação no Solo Sagrado, conscientizou-se do egoísmo por se prender ao lado negativo de uma situação, deixando de valorizar os momentos bons e felizes ao lado do pai.
Assim, ela se libertou e se reconciliou com seu espírito.
E o presidente concluiu: "Quantas vezes ficamos presos a situações ocorridas há anos... a coisas antigas, que já "prescreveram", mas que continuamos remoendo em virtude do apego?"
Parecia que cada palavra estava sendo direcionada a mim.
Comecei a pensar na culpa que nutria após a morte de meu pai. Concluí que estava presa à dor, às ausências e às mágoas.
Sentia como se meu pai me dissesse que o importante são os momentos felizes que vivemos e não o que deixamos de fazer.
Um alívio inexplicável tomou conta de mim.
Libertei-me dos ressentimentos e desfrutei de alegria, emoção e paz. Podia sentir a felicidade de meus antepassados e a de meu pai.
Eu tinha a impressão de que, de alguma maneira, tudo o que ocorrera durante o culto fora minuciosamente preparado pelo Mundo Espiritual para que eu vivenciasse aquele momento sublime de paz e redenção.
Ao retornar a casa, deitei-me e dormi profundamente, sem o uso de qualquer medicamento, o que não ocorria há dois anos.
Ao acordar, percebi que não apresentava qualquer indício dos sintomas que me afligiam.
Olhei para os medicamentos que ainda tomava e não senti nenhuma necessidade de prosseguir o tratamento. Eles estão intactos até hoje.
Permaneço muito bem física e emocionalmente; sem ansiedade, sem insônia, sem depressão, sem pânico e sem dor.
Hoje, reflito sobre o quanto eu gostaria de ter essa reaproximação com meu pai ainda em vida; poder abraçar-lhe e manifestar todo o meu amor.
Por outro lado, aprendi que nunca é tarde para nos reconciliar com aqueles que amamos, pois a alma é eterna e continuamos vivos no Mundo Espiritual.
Não consigo descrever em palavras a emoção de estar aqui neste Solo Sagrado, o lugar onde um ano atrás vivi o momento mais marcante de minha vida.
Agradeço a Deus, a Meishu-Sama e aos meus antepassados a permissão de vivenciar essa experiência, ao meu amigo por seu amor altruísta e persistência ao me conduzir à Igreja Messiânica e, principalmente, ao meu pai, pela parceria nessa grande jornada de aprendizado e elevação.
Comprometo-me a continuar servindo à Obra Divina e a levar a Luz do Johrei onde estiver, para salvar o número máximo de pessoas e seus antepassados.
Muito obrigada!
NOV 2022
Experiência de fé do Culto às Almas dos Antepassados
"Nunca é tarde para nos reconciliar com aqueles que amamos"
Maria Aparecida Pires de Carvalho Ferreira
Igreja Mato Grosso do Sul
- Por: Secretaria Experiência de Fé
- Editoria: Culto Mensal