Recordo-me que, na época em que morávamos no Hozan-So, após as refeições, meus pais, meus irmãos e eu passávamos momentos muito animados. Por exemplo, quando tocava alguma música no rádio, meu pai, bem-humorado, acompanhava o ritmo, primeiramente batendo as mãos enquanto cantava.
Depois, passava a bater em uma lata de chá, ora na tampa, ora no fundo, pegando-a pelo lado e girando-a em demonstrações realmente hábeis e divertidas que provocavam gargalhadas em todos.
Ainda, havia vezes que, no domingo, íamos em família para os arredores de Ginza e tínhamos uma refeição agradável. Ele nos levava também ao cinema.
Há um fato daquele tempo de que me lembro bem. Eu gostava muito de filmes de samurai e, quando meu pai nos disse que iríamos ver Tarzan naquele dia, chorei, insatisfeito. Mesmo assim, ficou decidido que iríamos assistir ao filme que ele propusera.
Comecei a ver o filme ainda chorando, mas, gradativamente, fui me interessando e, sem perceber, fiquei fascinado. Aquela foi a primeira vez que assisti a um filme ocidental.
No Hozan-So, meu quarto ficava distante do cômodo de meus pais; por isso, eu encontrava meu pai só na hora dos cumprimentos ou das refeições. Por essa razão, aguardávamos o domingo ansiosamente.
Nesse dia, nós, os irmãos, nos reuníamos no quarto de nosso pai e recebíamos a mesada. Ele abria a carteira e entregava o dinheiro a cada filho. Eu recebia 5 centavos de iene; meu irmão mais velho, 20 centavos, e minhas irmãs mais velhas, cerca de 15 centavos. Desse modo, a quantia que cada um recebia era de acordo com a idade.
Hoje, sinto que aquela maneira de agir, valorizando muito a ordem, era algo realmente típico de meu pai.
Até hoje, tenho duas impressões distintas quanto à figura do meu pai: uma, quando ele estava no aconchego familiar e transmitia-nos seu caloroso amor paterno e outra, quando eu tinha certa dificuldade de me aproximar por nutrir, de forma semelhante a um fiel comum, um profundo respeito quando ele estava servindo à Obra Divina.
Na época de estudante, por morar longe de meus pais, passei por altos e baixos. Contudo, creio que consegui chegar aos dias de hoje, sem maiores problemas, graças ao respeito que tinha por meu pai.
Reminiscências sobre Meishu-Sama, vol. 1 - relato 252